Vanessa Vieira 04/11/2010
O fim do treinamento marca a fase em que o jovem tem de definir o rumo que vai dar para sua vida profissional. Se até então a companhia estava aberta para prepará-lo e ajudá-lo na tomada de decisão, a partir dali espera-se que ele comece a dar retorno. Por isso, se futuramente resolver mudar de departamento, não vai encontrar um ambiente tão favorável nem todo o suporte que teve da empresa e dos funcionários durante o programa de trainee. Então, o que levar em conta na hora da decisão? A seguir, você confere alguns pontos que devem estar no seu radar.
AUTOCONHECIMENTO
Além de dar visão sistêmica do negócio, um dos objetivos do chamado job rotation (a atuação nos diferentes departamentos da corporação) é facilitar a identificação do setor com o qual o jovem tem mais afinidade. Para a consultora Marisa da Silva, da Career Center, durante esse processo o candidato deve aproveitar para conhecer ao máximo a rotina das pessoas de cada área, observar as características de quem trabalha no departamento e avaliar se também se encaixaria no perfil exigido.
"Na hora de decidir, você deve perguntar a si mesmo qual a sua velocidade. Gosta de ter tempo para pensar ou faz tudo ao mesmo tempo? Prefere planejar ou entrar em consenso? É mais reflexivo ou pragmático? Gosta de ter uma rotina ou não se importa de abrir mão da agenda para atingir metas?", diz Marisa. De acordo com ela, no longo prazo, são esses os fatores que determinam a satisfação ou a frustração do jovem profissional com a área escolhida.
Para ajudar o trainee nessa decisão, é comum que o coach do programa lance mão de testes vocacionais. Um dos mais usados é o MBTI, que, com base num questionário, classifica cada pessoa entre 16 perfis. "Esses tipos de ferramentas dão suporte ao jovem profissional no processo de autoconhecimento e permitem identificar suas qualidades", diz Marisa.
Percebendo a frequência com que casos como o de Fernanda ocorrem, o Grupo Santander lançou em junho a plataforma interativa Caminhos & Escolhas, voltada principalmente para universitários e jovens profissionais. Na plataforma, os internautas podem participar de oficinas virtuais, nas quais simulam como é atuar em diversas áreas corporativas de um banco. Também podem usar jogos de orientação de carreira, fazer um tour virtual pelas áreas do banco e participar de microblogs, fóruns e chats com especialistas. Já nos primeiros dias no ar, a ferramenta teve 3 000 acessos provenientes de 11 países.
"Nos últimos anos, vínhamos percebendo no nosso programa de trainees que o principal dilema dos jovens era fazer a opção. Então, em vez de esperar que isso aconteça ao fim do processo, resolvemos nos antecipar e ajudar o profissional a se preparar para a decisão. Quando ele entrar no programa de trainee, já vai ter conteúdo para fazer uma escolha consciente", explica Marco André Ferreira da Silva, diretor de educação e desenvolvimento organizacional do Grupo Santander.
CRESCIMENTO PROFISSIONAL
As perspectivas de crescimento profissional também pesam na hora da escolha. Boa parte dos trainees manifesta o desejo de ir para áreas estratégicas, ou com grande impacto no negócio, considerando que nelas haverá maior possibilidade de reconhecimento. Mas a consultora Fábia Barros, gerente da Foco Talentos, alerta: "Melhor do que estar numa área grande e ser mais um é pertencer a um setor menor, no qual você possa assumir responsabilidades e ser decisivo", afirma Fábia.
Para quem coordena os programas de trainees, a busca pelo reconhecimento profissional deve ser encarada como uma consequência do bom desempenho nas mais diferentes áreas. "Salário e posição são muito importantes, mas trabalhar focado apenas nisso não é sustentável no longo prazo. Queremos pessoas que trabalhem com paixão", diz Marco André Ferreira da Silva, do Grupo Santander.
O QUE LEVAR EM CONTA
Os especialistas sugerem fazer as seguintes perguntas antes de fazer sua escolha de carreira:
AUTOCONHECIMENTO
Seu ritmo de trabalho é o mesmo exigido pela área?
Considere a competitividade e o grau de hierarquização
da unidade. Seu nível de tolerância à frustração é suficiente?
Reflita se você prefere planejar o futuro ou trabalhar por resultados de curto prazo. Com isso em mente, seu perfil é o mais adequado à unidade?
SOBRE O DEPARTAMENTO
Você gosta da rotina de trabalho dos futuros colegas?
Acha as atividades da área interessantes?
O clima do departamento é bom?
Você tem empatia pelo líder do setor?
PERSPECTIVAS
Seus colegas de departamento têm oportunidades de crescimento na carreira?
Você terá a chance de coordenar algum projeto na área?
Fonte: http://vocesa.abril.com.br/desenvolva-sua-carreira/materia/especial-trainee-levar-conta-636548.shtml
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